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domingo, 1 de abril de 2012

O crescimento que incomoda

Apesar dos problemas anunciados na mídia nacional quanto a falta de leitos em hospitais para o atendimento dos usuários de planos de saúde, devemos destacar que o mercado de saúde suplementar apresenta uma estabilização desde junho/2011.
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Os dados da macro-economia retratam que no mês de outubro/2011 o emprego formal cresceu 0,33%, registrando 126.143 empregos com carteira assinada, sendo que a Indústria da Transformação*, que representa atualmente 23% dos planos coletivos, manteve um tímido comportamento nos últimos meses, quando comparado os períodos de 2003 a 2010.
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Ainda nesse contexto, até o mês de setembro foram registradas 45 novas operadoras, o mesmo número das canceladas, formando naquele período 1.619 operadoras de planos de saúde.
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Mas se o número de beneficiários não ascende, porque ocorre esse aumento no atendimento dos hospitais. A resposta está no crescimento vertiginoso dos casos de baixa complexidade, e faço a seguinte pergunta a vocês, leitores do Panorama Corporativo:  Quantas pessoas já encontrou esse mês com algum tipo de virose? Mal estar, provocado por alergia, gripes, dores na garganta, de cabeça entre outras patologias?
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Registra-se que 70% dos atendimentos em pronto-socorro são de baixa ou nenhuma urgência, diagnosticados como indisposições simples, gripes ou leves alergias e isso tem gerado problemas para os casos de maior complexidade, que acabam entrando em uma espera desnecessária.
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Há quem afirme que esse crescimento também é motivado pela dificuldade dos clientes de planos de saúde no agendamento de consultas em consultórios dos médicos credenciados, mas o maior volume ocorre mesmo em virtude dos casos virais.
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Diante desse cenário é importante que os hospitais, que são atores centrais em um sistema de saúde, revejam suas práticas estratégicas e operacionais, fazendo um alinhamento com o comportamento da saúde da população.
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É possível perceber que grande parte dos prestadores de serviços adotam estruturas organizacionais direcionadas pela oferta, e não pelos clientes, não há gerenciamento pelos resultados dos pacientes, que ficam em último lugar na lista e deveria ser o centro de todo o processo.
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Assim, os atendimentos se repetem sem resolutividade, os custos aumentam, as operadoras sentem e o mercado consumidor também, pois os preços dos produtos caminham sempre para uma constante elevação.
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A mudança baseada em resultados é a única forma de promover um tratamento adequado às fraquezas na prestação dos serviços, aumentando a capacidade de inovação do sistema como um todo e minimizando as práticas e tradições arraigadas.
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Situações não diferentes foram observadas em outros setores, o mais recente foi o crescimento do número de pessoas que passaram a utilizar o transporte aéreo, que levou o trafego de aeronaves a condições extremas e estruturas aeroportuárias cada vez mais insuficientes ao número de usuários.
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Em um mesmo contexto, o número de pessoas que adquiriram um veículo próprio provocou um colapso no sistema de trânsito nacional, e hoje enfrentamos todos os dias um tráfego urbano que precisa de constante educação.
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Assim, não é possível registrar que o Plano de Saúde seja o único responsável pelo caos que se apresenta no atendimento dos hospitais, nem tampouco comparar o Sistema de Saúde Suplementar ao Sistema Único de Saúde (SUS). São situações totalmente diferentes.
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Não é possível limitar a adesão de consumidores ao sistema de saúde suplementar, considerando que a economia apresentou resultados positivos nos últimos anos, e a população quer ter acesso a um plano de saúde, sendo esse um fator normal se avaliado o poder de consumo em economias que também se destacaram ao longo da história.
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A melhoria passa pela revisão das estratégias, e para isso deve haver um amadurecimento de todos os atores desse mercado, passando por médicos, prestadores de serviços, operadoras e também, o próprio usuário. Situações desse tipo demonstram o quanto estamos despreparados para enfrentar crescimentos agressivos no mercado, falta integração.
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*A indústria de transformação é a indústria que transforma matéria-prima em um produto final ou intermediário para outra industria de transformação. Como exemplo temos as refinarias de petróleo que usam o petróleo como matéria-prima tanto para produtos finais, como por exemplo óleo diesel e gasolina, quanto para produtos intermediários como por exemplo nafta que é utilizada pela indústria petroquímica em diversos produtos como, por exemplo, os plásticos.

Um comentário:

Florencio Santana disse...

Prezado Florêncio,

Texto muito bem escrito e abranjente painel econômico no país.
att

Virginia Barreto