Mestre em Administração e Finanças pela FEA/USP, formado em Administração Pública pela FGV com especialização em Finanças pela Stern School of Business - New York University e pela Fundação Instituto de Administração (FIA), Gustavo Cerbasi que também é autor dos livros Dinheiro os Segredos de Quem Tem, Casais Inteligentes Enriquecem Juntos e Filhos Inteligentes Enriquecem Sozinhos, conhece como ninguém como fazer uma boa gestão das finanças pessoais através de investimentos. Nesta entrevista, concedida ao Panorama Corporativo comenta sobre o momento econômico atual e apresenta algumas dicas de como lidar com as crises.
Panorama - Em um passado não muito distante a bolsa de valores era vista como um cassino e despertava uma elevada desconfiança. O que fez com que a cultura mudasse e proporcionasse a entrada virtuosa dos pequenos investidores?
Cerbasi- A bolsa de valores realmente tinha característica de cassino quando era movimentada por poucas pessoas e o volume financeiro não era significativo, a ponto de uma fortuna individual ser capaz de causar grandes turbulências no mercado – o caso Naji Nahas deixou isso claro. Até a década de 80, era muito fácil manipular o mercado financeiro. O que mudou essa realidade foi a estabilidade econômica no Brasil, que atraiu mais investimentos estrangeiros, aumentou a liquidez do mercado e deu mais solidez aos movimentos de altas e baixas na bolsa. Junto com esse efeito, a estabilidade trouxe os juros a níveis mais baixos, porém saudáveis, fazendo o investidor brasileiro perceber que a vida de agiota (que lucra com juros elevados) estava com os dias contados. Como os juros baixos são bons para as empresas, os investidores perceberam que o momento é bom para o crescimento da economia. A velocidade da informação se encarregou de multiplicar aos ventos essa idéia e a entrada dos pequenos investidores foi uma conseqüência natural.
Panorama- Será que esses novos investidores estão preparados para crises financeiras sérias? Como proteger as finanças pessoais em meio às turbulências?
Cerbasi- Certamente, a maioria dos novos investidores não estão preparados para crises como a deste começo de 2008. A inexperiência conduz a decisões precipitadas, e muita gente certamente está vendendo por 10 o que comprou por 20. Um pena, pois o novo investidor em ações deveria investir também em conhecimentos e entender o que são objetivos de longo prazo. Não adianta tentar travar riscos e correr atrás de uma decisão de venda em questão de segundos se a entrada na bolsa foi uma decisão pensada por meses. Quem compra ações na alta e se depara com uma baixa deve ter paciência para recuperar as perdas com o tempo. Quem investiu pouco, deve aproveitar a baixa para investir muito e lucrar com o preço médio. O fato é que crises financeiras são tão saudáveis para o mercado quanto os momentos de alta nos preços, pois são elas que mostram o significado do risco. Quem souber lidar com os altos e baixos e concentrar investimentos durante as crises certamente colherá frutos muito interessantes.
Panorama- A boa fase econômica do Brasil pode se afetada em grandes proporções com a desaceleração da economia americana? Como vê o mercado de capitais diante desse contexto?
Cerbasi- A boa fase econômica certamente será afetada com a crise americana, mas esse impacto será muito menor do que estamos acostumados a ver. Muitas empresas brasileiras exportam, e a desaceleração dos mercados mundiais deve reduzir as exportações. Porém, quase 80% dos negócios das empresas brasileiras dependem do mercado interno, e o que vemos por aqui é um aumento no nível de emprego e de renda, o que deve sustentar por um bom tempo a boa fase de nossas empresas. Talvez passemos por essa crise sem impactos sensíveis no emprego, nos juros e na inflação. Se acontecerem tais impactos, especialistas afirmam em coro que serão moderados e por pouco tempo. Talvez 2008 seja realmente o ano em que veremos a economia brasileira crescer acima da média mundial.
Panorama- O espaço para o crescimento da bolsa ainda é muito grande. Como vê o futuro dos investimentos tradicionais, poupança, renda fixa, entre outros?
Cerbasi- Os investimentos conservadores devem passar a se comportar como seus similares no mundo desenvolvido: pouca diferenciação entre eles, com bastante previsibilidade e segurança. O espaço para queda na rentabilidade daqui para frente é reduzido, talvez aconteça em maior proporção na Caderneta de Poupança. Mas os investimentos em renda fixa continuarão sendo a melhor alternativa para quem tem objetivos de curto prazo, o que deve dar sustentação ao volume investido nessas modalidades – não podemos esquecer que o brasileiro ainda tem dificuldade de pensar a longo prazo e que as recomendações de investimento levam em consideração esta tendência.
Panorama- Que lições podem ser retiradas em momentos de crises?
Cerbasi- É nas crises que muitos se lembram de que investimento de risco é para quem pode esperar e que devemos ser conservadores com uma parte considerável de nosso patrimônio. É também nas crises que muitos desistem de investir em risco, quando, na verdade, deveriam aprender a concentrar investimentos em modalidades conservadoras e esperar novas crises para aproveitar oportunidades. Quem investe todo um pouco todo mês deveria torcer para acontecer uma mini-crise a cada mês também.
Panorama-O que recomenda para quem está interessado em entrar no mercado de capitais? Esse é um bom momento diante da economia global?
Cerbasi- Que é um bom momento, não tenho dúvida. Se é o melhor momento, talvez um economista ou analista de mercado possa dar uma resposta mais objetiva. Falando como um investidor que analisa empresas e investe regularmente, eu estou feliz em poder comprar empresas que estão muito mais baratas do que há algumas semanas. Lembre-se que o Brasil ainda é considerado parte do BRIC (grupo de países que mais devem se destacar na economia mundial nos próximos anos) e que estamos bastante próximos de obter um investment grade. Havendo ou não expectativa de aumento nos lucros das empresas, o que temos é a expectativa de grandes investidores estrangeiros aguardando o sinal verde para colocarem alguns bilhões de dólares em nossa economia, o que pode ser muito positivo para o mercado como um todo. Só não sabemos quando isso irá ocorrer.
Panorama - Em um passado não muito distante a bolsa de valores era vista como um cassino e despertava uma elevada desconfiança. O que fez com que a cultura mudasse e proporcionasse a entrada virtuosa dos pequenos investidores?
Cerbasi- A bolsa de valores realmente tinha característica de cassino quando era movimentada por poucas pessoas e o volume financeiro não era significativo, a ponto de uma fortuna individual ser capaz de causar grandes turbulências no mercado – o caso Naji Nahas deixou isso claro. Até a década de 80, era muito fácil manipular o mercado financeiro. O que mudou essa realidade foi a estabilidade econômica no Brasil, que atraiu mais investimentos estrangeiros, aumentou a liquidez do mercado e deu mais solidez aos movimentos de altas e baixas na bolsa. Junto com esse efeito, a estabilidade trouxe os juros a níveis mais baixos, porém saudáveis, fazendo o investidor brasileiro perceber que a vida de agiota (que lucra com juros elevados) estava com os dias contados. Como os juros baixos são bons para as empresas, os investidores perceberam que o momento é bom para o crescimento da economia. A velocidade da informação se encarregou de multiplicar aos ventos essa idéia e a entrada dos pequenos investidores foi uma conseqüência natural.
Panorama- Será que esses novos investidores estão preparados para crises financeiras sérias? Como proteger as finanças pessoais em meio às turbulências?
Cerbasi- Certamente, a maioria dos novos investidores não estão preparados para crises como a deste começo de 2008. A inexperiência conduz a decisões precipitadas, e muita gente certamente está vendendo por 10 o que comprou por 20. Um pena, pois o novo investidor em ações deveria investir também em conhecimentos e entender o que são objetivos de longo prazo. Não adianta tentar travar riscos e correr atrás de uma decisão de venda em questão de segundos se a entrada na bolsa foi uma decisão pensada por meses. Quem compra ações na alta e se depara com uma baixa deve ter paciência para recuperar as perdas com o tempo. Quem investiu pouco, deve aproveitar a baixa para investir muito e lucrar com o preço médio. O fato é que crises financeiras são tão saudáveis para o mercado quanto os momentos de alta nos preços, pois são elas que mostram o significado do risco. Quem souber lidar com os altos e baixos e concentrar investimentos durante as crises certamente colherá frutos muito interessantes.
Panorama- A boa fase econômica do Brasil pode se afetada em grandes proporções com a desaceleração da economia americana? Como vê o mercado de capitais diante desse contexto?
Cerbasi- A boa fase econômica certamente será afetada com a crise americana, mas esse impacto será muito menor do que estamos acostumados a ver. Muitas empresas brasileiras exportam, e a desaceleração dos mercados mundiais deve reduzir as exportações. Porém, quase 80% dos negócios das empresas brasileiras dependem do mercado interno, e o que vemos por aqui é um aumento no nível de emprego e de renda, o que deve sustentar por um bom tempo a boa fase de nossas empresas. Talvez passemos por essa crise sem impactos sensíveis no emprego, nos juros e na inflação. Se acontecerem tais impactos, especialistas afirmam em coro que serão moderados e por pouco tempo. Talvez 2008 seja realmente o ano em que veremos a economia brasileira crescer acima da média mundial.
Panorama- O espaço para o crescimento da bolsa ainda é muito grande. Como vê o futuro dos investimentos tradicionais, poupança, renda fixa, entre outros?
Cerbasi- Os investimentos conservadores devem passar a se comportar como seus similares no mundo desenvolvido: pouca diferenciação entre eles, com bastante previsibilidade e segurança. O espaço para queda na rentabilidade daqui para frente é reduzido, talvez aconteça em maior proporção na Caderneta de Poupança. Mas os investimentos em renda fixa continuarão sendo a melhor alternativa para quem tem objetivos de curto prazo, o que deve dar sustentação ao volume investido nessas modalidades – não podemos esquecer que o brasileiro ainda tem dificuldade de pensar a longo prazo e que as recomendações de investimento levam em consideração esta tendência.
Panorama- Que lições podem ser retiradas em momentos de crises?
Cerbasi- É nas crises que muitos se lembram de que investimento de risco é para quem pode esperar e que devemos ser conservadores com uma parte considerável de nosso patrimônio. É também nas crises que muitos desistem de investir em risco, quando, na verdade, deveriam aprender a concentrar investimentos em modalidades conservadoras e esperar novas crises para aproveitar oportunidades. Quem investe todo um pouco todo mês deveria torcer para acontecer uma mini-crise a cada mês também.
Panorama-O que recomenda para quem está interessado em entrar no mercado de capitais? Esse é um bom momento diante da economia global?
Cerbasi- Que é um bom momento, não tenho dúvida. Se é o melhor momento, talvez um economista ou analista de mercado possa dar uma resposta mais objetiva. Falando como um investidor que analisa empresas e investe regularmente, eu estou feliz em poder comprar empresas que estão muito mais baratas do que há algumas semanas. Lembre-se que o Brasil ainda é considerado parte do BRIC (grupo de países que mais devem se destacar na economia mundial nos próximos anos) e que estamos bastante próximos de obter um investment grade. Havendo ou não expectativa de aumento nos lucros das empresas, o que temos é a expectativa de grandes investidores estrangeiros aguardando o sinal verde para colocarem alguns bilhões de dólares em nossa economia, o que pode ser muito positivo para o mercado como um todo. Só não sabemos quando isso irá ocorrer.
4 comentários:
É de tirar o chapéu quando se observa o crescimento deste blog. Agora com direito a entrevistas. Por sinal, parabéns, muito boa e com alguém de relevante importância diante do assunto que o blog trata!
Parabéns de coração e sucesso! (Mais, é claro!
Muito boa a entrevista!
Gostei muito do comentário sobre bolsa vista como cassino. Ainda hoje muitas pessoas me dizem: "E aí, está JOGANDO na bolsa?!"
Gostaria de propor parceria, se lhe convier é claro.
No meu blog comento sobre os best-sellers da literatura de gestão de carreira e investimentos.
http://www.dicasdecarreira.blogspot.com/
Desde já agadeço!
Dr,
O que aconteceu que nunca mais escreveu nada no blog ?
Ficou rico ?
Sempre que tiver nvoidades manda para a futura. Por sinal, entra em nosso site novo www.futuraedu.com.br e da uma verificada no campo de artigos!
Fico aguardando os seus conteudos.
abs
Os investidores ao entrar na bolsa, certamente, pensam muito em quais papéis irão investir, estudam e analisam. No entanto, ao longo do tempo e da dinâmica do alto e baixo, do ganha e perde natural, muda-se a linha de pensamento e, a partir daí,começam a utilizar, sem responsabilidade, os seus recursos e perdem o foco do objetivo inicial.
Sabemos que para qualquer investimento deve-se ter Planejamento, que leva em conta, principalmente, o objetivo, o motivo do investimento, que por sua vez determina o prazo necessário pela qual esse pode e deve ser submetida e daí, comparar qual o melhor papel a se adquirir, sua liquidez e, conseqüentemente, seus riscos.
È o famoso PARA QUE, QUANTO e PARA QUANDO que dirá o melhor caminho a se seguir.
Investir na bolsa denota alto risco, paciência, alto controle nas turbulências e principalmente conhecimento sobre o que fazer e quando fazer. Essas qualidades são perdidas nos momentos de incertezas por pessoas que se deixam levar pelo momento e não se preparam corretamente para tal investimento.
Pelas facilidades no ato de comprar e vender, agora com os Homes brolkes, alguns investidores passam sim a utilizar a bolsa como cassino, com ambição e impulso. Isso sem falar nos especuladores.
Entretanto, aqueles experientes sabem que as ações vivem em oscilações o tempo todo (ainda mais, agora com a globalização) e essas mudanças de valores são ainda freqüentes em tempos de incertezas ante uma crise. O que eles fazem? Estudam, observam, analisam. Tomam suas decisões em cima de seus conhecimentos, e não em cima de suas emoções.
Sr. Florêncio Santana,
Parabenizo pela entrevista muito bem direcionada, com perguntas pertinentes aos assuntos atuais, pela ação de compartilhar seus conhecimentos e pela iniciativa da criação deste blog. Continue a escrevre.! É o que todos pedem.
Grande Abraço de seu Aprendiz,
Carlos Miranda
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